A disputa entre Espanha e Portugal acerca das ilhas Selvagens teve início no preciso momento do ano de 1483 em que Diego Gomes de Cintra pôs o pé naqueles rochedos inóspitos sobrevoados por miríades de cagarras. E não terminou até Espanha ter admitido, em 1997, numa negociação sobre o flanco sul da NATO, que Portugal tinha direitos de superfície sobre o arquipélago (não sobre as águas).
As Selvagens não são o único litígio histórico entre Portugal e Espanha. Sem entrar na entediante análise histórica das discussões resultantes do Tratado de Lisboa (1864), do Tratado de Badajoz (1801) da Guerra das Laranjas, ou do posterior Tratado de Viena, as posições são inamovíveis. Com base no suposto incumprimento dos compromissos por Espanha, Portugal não reconhece a soberania espanhola sobre Olivença e territórios adjacentes, como Táliga. Fracassaram as tentativas de delimitar a fronteira, em 1864 e 1926
Mais a norte, o Couto misto, com Santiago, Rubias e Meaus, gozava de privilégios como o de decidir se queria pertencer a Espanha (que assumiu a sua administração em 1864). Tourém, no concelho de Montalegre, ficou como última povoação portuguesa, rodeada das aldeias galegas de Requiás, Guntimil e Calvos de Randín. Há ainda as aldeias de Rihonor dse Castilla (Zamora) e Rio de Onor (Bragança), que partilham estabelecimentos, serviços e até casamentos: os dois bares ficam em Portugal; a assistência sanitária, em Espanha.
No último ano, 167 oliventinos pediram a nacionalidade portuguesa. Só em 2014, ingressram na base de dados do registo civil nacional 80 cidadãos nascidos em Olivença. E outros 88 aguardam resposta aos seus pedidos. Caso seja positiva, terão dupla nacionalidade, a portuguesa e a espanhola.
ResponderEliminarO projecto, da associação cultural de aproximação a Portugal Além Guadiana, representa, segundo o responsável, José Machado, «o encontro com o passado». Para se tornarem portugueses, os requerentes têm de demonstrar que têm ascendência oliventina ou que são naturais daquele território, anexado por Espanha no século XIX.