O Syrisa teve um estado de graça muito menor que Lopetegui. Depois de uma enorme excitação no domingo, a esquerda já está profundamente arrependida de ter apoiado Alexis Tsipras. "Faz uma coligação com conservadores de direita nacionalista, não tem uma única mulher como ministra, o ministro das Finanças já confessou que fez bluff e afinal não vai procurar confrontação com a 'troika'. Não fazer juramento religioso na tomada de posse e não usar gravata é demasiado curto para o que ambicionamos. Agora vamos apoiar o Podemos. Com o Podemos, chegamos lá", gritava o líder da esquerda radical em Portugal, António Costa, já com rabichinho de cavalo a crescer lá atrás.
O Colégio das Artes, sedeado em Coimbra, foi criado pelo Rei D. João III em 1542 com o objectivo de preparar os futuros estudantes universitários nas artes liberais. Até então, não existiam instituições em Portugal que ministrassem um ensino com a qualidade que se julgava necessária para preparar os candidatos à universidade. Muitos portugueses eram obrigados, por isso, a frequentar instituições no estrangeiro, especialmente em França.
sábado, 31 de janeiro de 2015
What's going on?
Linda Perry (n.1965), é uma cantora norte-americana, filha de pai português e mãe brasileira. Foi vocalista da extinta banda americana de rock alternativo '4 Non Blondes', conhecida principalmente pela música 'What's Up?', um grande sucesso da década de 1990, do único disco da banda, 'Bigger, Better, Faster, More!', de 1992.
sexta-feira, 30 de janeiro de 2015
Amadeu de Souza-Cardoso (1887-1918)
Amadeo de Souza-Cardoso, nasceu em Manhufe, Amarante, a 14 de Novembro de 1887 foi um pintor português, precursor da arte moderna, prosseguindo o caminho traçado pelos artistas de vanguarda da sua época. Frequentou o curso de Arquitectura na Academia de Belas Artes de Lisboa em 1905 que interrompeu para partir para Paris, em 1906, instalando-se em Montparnasse, tomando contacto primeiro com o Impressionismo e depois com o Expressionismo e o Cubismo, dedicando-se, assim, exclusivamente à pintura.
Depois de participar em 1913 de uma exposição com oito trabalhos nos Estados Unidos da América regressou a Portugal, depois de passar por Berlim, Barcelona e Madrid onde iniciou meteórica carreira na experimentação de novas formas de expressão, tendo pintado com grande constância ao ponto de, em 1916, expor no Porto 114 obras com o título "Abstraccionismo", que foram também expostas em Lisboa, num e noutro caso com novidade e algum escândalo.
Em 25 de Outubro de 1918, aos 31 anos de idade, morre prematuramente em Espinho, vítima da "pneumónica" que grassava em Portugal. Embora tendo tido uma vida curta, a sua obra tornou-se imortal.
Ilha Terceira troca criação de vacas pela de cães
O reinado das vacas na Ilha Terceira tem os das contados. Depois de Rui Machete não ter conseguido convencer um consórcio angolano a fazer a maior discoteca de kizomba do mundo nas Lajes, fala-se na entrega da base aérea aos chineses. Os jornais dizem que a ideia não terá pernas para andar mas os terceirenses não querem saber: há centenas de vacas para trespasse no OLX e já se começam a ver as primeiras matilhas de cães nas encostas ali como quem vai para Angra e vira para cima. "A pecuária da Terceira mudou muito, de segunda-feira para cá. Toda a gente sabe que o rafeiro de Praia da Vitória é o melhor para fazer chop-suey de porco", gaba-se um agricultor local.
(Inimigo Público de 23/1/2015)
quinta-feira, 29 de janeiro de 2015
Carta a El-Rei D. Manuel I
A Carta de Pêro Vaz de Caminha é o documento no qual Pêro Vaz de Caminha registou as suas impressões sobre a terra que posteriormente viria a ser chamada de Brasil. É o primeiro documento escrito da história do Brasil sendo, portanto, considerado o marco inicial da obra literária no país. Escrivão da frota de Pedro Álvares Cabral, Caminha redigiu a carta para o rei D. Manuel I (1469-1521) para comunicar-lhe o descobrimento das novas terras. Datada de Porto Seguro, no dia 1 de Maio de 1500, foi levada a Lisboa por Gaspar de Lemos, comandante do navio de mantimentos da frota.
A carta conservou-se inédita por mais de dois séculos no Arquivo Nacional da Torre do Tombo, em Lisboa. Foi descoberta em 1773 por José de Seabra da Silva e publicada, pela primeira vez no Brasil, pelo padre Manuel Aires de Casal na sua Corografia Brasílica (1817). Em 2005 este documento foi inscrito no Programa Memória do Mundo da UNESCO.
quarta-feira, 28 de janeiro de 2015
"És livre, Alá seja contigo!"
O JURAMENTO DO ÁRABE
Baçus, mulher de Ali, pastora de camelas,
Viu de noite, ao fulgor das rútilas estrelas,
Vail, chefe minaz de bárbara pujança,
Matar-lhe um animal. Baçus jurou vingança,
Corre, célere voa, entra na tenda e conta
A um hóspede de Ali a grave e inulta afronta,
"Baçus, disse tranquilo o hóspede gentil,
Vingar-te-ei com meu braço, eu matarei Vail."
Disse e cumpriu.
Foi esta a causa verdadeira
Da guerra pertinaz, horrível, carniceira
Que as tribos dividiu. Na Luta fratricida,
Omar, filho de Amrú, perdera o alento e a vida.
Anru, que lanças mil aos rudes prélios leva,
E que, em sangue inimigo, irado, os ódios ceva,
Incansável procura, e é sempre em balde, o vil
Matador de seu filho, o traidor Mualhil.
Uma noite, na tenda, a um moço prisioneiro,
Recém-colhido em campo, o indómito guerreiro
Falou, severo, assim:
"Escravo, atende e escuta:
Aponta-me a região, o monte, o plaino, a gruta,
Em que vive o traidor Mualhil, diz a verdade;
Dá-me que o alcance vivo, e é tua a liberdade!"
E o moço perguntou:
"É por Alá que o juras?"
"Juro" - o chefe tornou -
"Sou o homem que procuras!
Mualhil é o meu nome, eu fui que espedacei
a lança de teu filho, e aos pés o subjuguei!"
E intrépido, fitava o atónito inimigo.
Anrú volveu: "És livre, Alá seja contigo!"
António Cândido Gonçalves Crespo
António Cândido Gonçalves Crespo (1846-1883) foi um jurista e poeta de influência parnasiana, membro das tertúlias intelectuais portuguesas do último quartel do século XIX. Nascido nos arredores da cidade do Rio de Janeiro, filho de mãe escrava, fixou-se em Lisboa aos 10 anos de idade e estudou Direito naUniversidade de Coimbra. Dedicou-se essencialmente à poesia1 e ao jornalismo. Faleceu em Lisboa com apenas 37 anos de idade
terça-feira, 27 de janeiro de 2015
As Memórias de Winston Churchill
O Expresso oferece a todos os seus leitores a obra de Winston Churchill, "Memórias da II Guerra Mundial". O livro, que será dividido em oito volumes, valeu ao seu autor o Prémio Nobel da Literatura, em 1953, e é distribuído pelo Expresso quando se aprestam a passar 50 anos sobre a morte do estadista inglês que defendeu a Europa da ameaça nazi.
segunda-feira, 26 de janeiro de 2015
Manifesto [de Fernando Pessoa]
AVISO POR CAUSA DA MORAL
Quando o público soube que os estudantes de Lisboa, nos intervalos de dizer obscenidades às senhoras que passam, estavam empenhados em moralizar toda a gente, teve uma exclamação de impaciência. Sim — exactamente a exclamação que acaba de escapar ao leitor...
Ser novo é não ser velho. Ser velho é ter opiniões. Ser novo é não querer saber de opiniões para nada. Ser novo é deixar os outros ir em paz para o Diabo com as opiniões que têm, boas ou más — boas ou más, que a gente nunca sabe com quais é que vai para o Diabo.
Os moços da vida das escolas intrometem-se com os escritores que não passam pela mesma razão porque se intrometem com as senhoras que passam. Se não sabem a razão antes de lha dizer, também a não saberiam depois. Se a pudessem saber, não se intrometeriam nem com as senhoras nem com os escritores.
Bolas para a gente ter que aturar isto! Ó meninos: estudem, divirtam-se e calem-se. Estudem ciências, se estudam ciências; estudem artes, se estudam artes; estudem letras, se estudam letras. Divirtam-se com mulheres, se gostam de mulheres; divirtam-se de outra maneira, se preferem outra. Tudo está certo, porque não passa do corpo de quem se diverte.
Mas quanto ao resto, calem-se. Calem-se o mais silenciosamente possível.
Porque há só duas maneiras de se ter razão. Uma é calar-se, que é a que convém aos novos. A outra é contradizer-se, mas só alguém de mais idade a pode cometer.
Tudo mais é uma grande maçada para quem está presente por acaso. E a sociedade em que nascemos é o lugar onde mais por acaso estamos presentes.
Europa , 1923.
[Álvaro de Campos, in 'Espólio de Fernando Pessoa (1992)']
O 2004 BL86
O 2004 BL86, um asteroide com cerca de 500 metros de diâmetro, vai passar hoje, sem perigo de colisão, próximo da Terra. O tamanho e a distância a que passará do planeta azul, cerca de 1,2 milhões de quilómetros, permite que o fenómeno seja visualizado com telescópios ou uns bons binóculos. Aproveite, afinal não haverá uma aproximação idêntica nos próximos... 200 anos.
domingo, 25 de janeiro de 2015
O Baião brasileiro
Asa-Branca é uma canção de choro regional (popularmente conhecido como baião) de autoria da dupla Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira, composta em 3 de Março de 1947. O tema da canção é a seca no Nordeste brasileiro que pode chegar a ser muito intensa, a ponto de fazer migrar até mesmo a ave asa-branca (Patagioenas picazuro, uma espécie de pombo também conhecido como pomba-pedrês ou pomba-trocaz). A seca obriga, também, um rapaz a mudar da região. Ao fazê-lo, ele promete voltar um dia para os braços do seu amor.
Como vamos de contas?
Queremos saber se ainda se mantém um ás a resolver 'problemas', agora que se inicia um novo ano com orçamentos familiares que teimam em manter-se curtos. Para isso, propomos-lhe que teste os seus conhecimentos de aritmética elementar mas de aplicação superior à frente da caixa do supermercado:
Se um bacalhau custa 10 euros mais meio bacalhau, quanto custa bacalhau e meio?
Se um bacalhau custa 10 euros mais meio bacalhau, quanto custa bacalhau e meio?
Não vale usar a calculadora científica nem perguntar ao filhote que ainda anda na Primária. Vá lá, faça rapidamente as contas de cabeça e dê-nos o seu palpite, utilizando a caixa de comentários. Temos um livro para lhe oferecer se for o primeiro a dar a resposta certa.
sábado, 24 de janeiro de 2015
Litígios Ibéricos: das Selvagens a Olivença.
A disputa entre Espanha e Portugal acerca das ilhas Selvagens teve início no preciso momento do ano de 1483 em que Diego Gomes de Cintra pôs o pé naqueles rochedos inóspitos sobrevoados por miríades de cagarras. E não terminou até Espanha ter admitido, em 1997, numa negociação sobre o flanco sul da NATO, que Portugal tinha direitos de superfície sobre o arquipélago (não sobre as águas).
As Selvagens não são o único litígio histórico entre Portugal e Espanha. Sem entrar na entediante análise histórica das discussões resultantes do Tratado de Lisboa (1864), do Tratado de Badajoz (1801) da Guerra das Laranjas, ou do posterior Tratado de Viena, as posições são inamovíveis. Com base no suposto incumprimento dos compromissos por Espanha, Portugal não reconhece a soberania espanhola sobre Olivença e territórios adjacentes, como Táliga. Fracassaram as tentativas de delimitar a fronteira, em 1864 e 1926
Mais a norte, o Couto misto, com Santiago, Rubias e Meaus, gozava de privilégios como o de decidir se queria pertencer a Espanha (que assumiu a sua administração em 1864). Tourém, no concelho de Montalegre, ficou como última povoação portuguesa, rodeada das aldeias galegas de Requiás, Guntimil e Calvos de Randín. Há ainda as aldeias de Rihonor dse Castilla (Zamora) e Rio de Onor (Bragança), que partilham estabelecimentos, serviços e até casamentos: os dois bares ficam em Portugal; a assistência sanitária, em Espanha.
sexta-feira, 23 de janeiro de 2015
Decreto de Alhambra
Decreto de Alhambra, datado de 31 de Março de 1492, promulgado pelos Reis Católicos ordenando a expulsão ou conversão forçada da população judaica da Espanha, e levando à fuga e dispersão dos sefarditas pelo Magrebe, Médio Orientee sudeste da Europa. Sefarditas (em hebraico ספרדים, sefardi; no plural, sefardim) é o termo usado para referir aos descendentes de Judeus originários de Portugal, Espanha, etc. A palavra tem origem na denominação hebraica para designar a Península Ibérica (Sefarad ספרד).
Maria pediu ajuda à PSP seis horas antes...
Maria Pinheiro, 52 anos, funcionária da Câmara de Setúbal, foi a primeira mulher vítima mortal de violência doméstica este ano em Portugal. Maria teve uma avaliação de "baixo risco" na esquadra da PSP, seis horas antes de ser morta pelo marido. Na quarta-feira, dia em que decidiu apresentar queixa-crime, disse à polícia que queria regressar a casa sem protecção. Na PSP o caso desta funcionária da Câmara de Setúbal foi avaliado como de "baixo risco". Seis horas depois foi morta pelo marido. (Diário de Notícias de hoje)
quinta-feira, 22 de janeiro de 2015
'O Conimbricense' de 19 de Setembro de 1896
Planta curiosa – Cresce abundantemente na America do sul um arbusto notável, que serve para combater o somno e a fome. Chama-se Coca erythroxylon. Os indios e os operários têm desde antigos tempos o habito de mascar as folhas d’ esta planta, misturadas com cinzas de outros vegetais e com uma pequena porção de cal, e por este meio resistem de um modo incrível e sem perigo ao somno e à fome.
O naturalista Tschudi, nas suas viagens, empregou um índio em trabalhos d’ excavações durante cinco dias e cinco noites, sem interrupção, e apenas com duas horas de somno em cada noite. O mesmo índio fez a pé uma viagem de 75 kilometros em dois dias, sem tomar alimento algum, alem das folhas de Coca que mascava frequentemente. Outro índio fez a viagem de Paz a Tocua, 400 kilometros em quatro dias, descansou 24 horas, e voltou em cinco dias, transpondo duas vezes uma montanha de 13 mil pés de altura. Em toda esta viagem extraordinária, apenas se alimentou com folhas de Coca e algum milho assado.
Affirma-se ainda, que o exercito hespanhol em 1817, em uma crise alimentícia produzida pela falta de viveres, conservou pelo mesmo meio a sua energia e valor. Os mineiros conservam também a sua força e saúde até mesmo no meio de emanações delecterias, empregando o mesmo systema, e os arrieiros sustentam da mesma forma as forças dos animaes em longas viagens.
O naturalista Tschudi, nas suas viagens, empregou um índio em trabalhos d’ excavações durante cinco dias e cinco noites, sem interrupção, e apenas com duas horas de somno em cada noite. O mesmo índio fez a pé uma viagem de 75 kilometros em dois dias, sem tomar alimento algum, alem das folhas de Coca que mascava frequentemente. Outro índio fez a viagem de Paz a Tocua, 400 kilometros em quatro dias, descansou 24 horas, e voltou em cinco dias, transpondo duas vezes uma montanha de 13 mil pés de altura. Em toda esta viagem extraordinária, apenas se alimentou com folhas de Coca e algum milho assado.
Affirma-se ainda, que o exercito hespanhol em 1817, em uma crise alimentícia produzida pela falta de viveres, conservou pelo mesmo meio a sua energia e valor. Os mineiros conservam também a sua força e saúde até mesmo no meio de emanações delecterias, empregando o mesmo systema, e os arrieiros sustentam da mesma forma as forças dos animaes em longas viagens.
quarta-feira, 21 de janeiro de 2015
Cristiano Ronaldo, o filho do mérito
Podemos analisar Cristiano pela aparência ou fazê-lo a partir do essencial. Relativamente à aparência temos o penteado, a exibição de músculo, alguma declaração sem protocolo, o Ferrari, a namorada e todas as exibições que nos levam a classifica-lo como alguém de sucesso quimicamente puro segundo os parâmetros destes tempos. No essencial, dorme como um menino, come como um bailarino, treina como um marine e pensa como um campeão... Os que escolhem a aparência encontrarão motivos para o odiar, os que optam pelo essencial só poderão admirá-lo.
Aqui chegamos a um ponto crítico da análise: não nasceu craque; tornou-se craque. É fruto do sacrifício, caso contrário, não teria abandonado a família aos 13 anos nem o país aos 17 para perseguir um sonho. É fruto do seu esforço e como prova basta olhar para o corpo que aquele mirrado adolescente fabricou. É fruto da ambição, focada na excelência, na contínua procura de melhorar, para conseguir o grande final. Não de atinge esse nível sem partir de uma vantagem natural, mas o Cristiano é a demonstração que o talento é só um bom ponto de partida. O extraordinário percurso das suas condições desde o berço até à versão desatada que temos visto este ano, chama-se mérito.
Aqui chegamos a um ponto crítico da análise: não nasceu craque; tornou-se craque. É fruto do sacrifício, caso contrário, não teria abandonado a família aos 13 anos nem o país aos 17 para perseguir um sonho. É fruto do seu esforço e como prova basta olhar para o corpo que aquele mirrado adolescente fabricou. É fruto da ambição, focada na excelência, na contínua procura de melhorar, para conseguir o grande final. Não de atinge esse nível sem partir de uma vantagem natural, mas o Cristiano é a demonstração que o talento é só um bom ponto de partida. O extraordinário percurso das suas condições desde o berço até à versão desatada que temos visto este ano, chama-se mérito.
No entanto, a sua evolução não se deve apenas ao corpo mas também à técnica. Cristiano ama a bola e dedica horas ao difícil labor de se entender com ela. Mexe-lhe à vontade com qualquer parte do corpo exibindo o seu domínio com graciosidade, atrevimento e eficácia em posses e passes; eliminando adversários porque lhes ganha na corrida e porque os engana com habilidade; converte em indecifráveis os seus ‘tiros’ com bolas paradas ou corridas; cabeceando, como foi dito, encontrando-se com a bola no ponto mais alto e rematando com a testa para coloca-la entre os três paus. Como todos os grandes da história do futebol, é capaz de pôr de acordo a precisão com a máxima velocidade.
Enquanto os seus opositores continuam a olhar para insignificâncias, Cristiano aproveita também para progredir nos seus comportamentos. Houve um tempo em que dava a impressão que o jogo só lhe pertencia a ele. Os passes eram feitos sem vontade, como se resolver as questões futebolísticas de forma colectiva fosse uma humilhação. Contudo, também foi capaz de trabalhar essa debilidade que o convertia numa espécie de genial corpo estranho dentro de uma equipa. Hoje é uma parte do todo. Para sermos justos: é o melhor de todos.
[A partir de um longo artigo de opinião do argentino Jorge Valdano, ex-director desportivo do Real Madrid, publicado numa revista colombiana]
[A partir de um longo artigo de opinião do argentino Jorge Valdano, ex-director desportivo do Real Madrid, publicado numa revista colombiana]
Exactamente como faria o Homem Velho
POEMA DO HOMEM NOVO
Neil Armstrong pôs os pés na Lua
e a Humanidade saudou nele
o Homem Novo.
No calendário da História sublinhou-se
com espesso traço o memorável feito.
Tudo nele era novo.
Vestia quinze fatos sobrepostos.
Primeiro, sobre a pele, cobrindo-o de alto a baixo,
um colante poroso de rede tricotada
para ventilação e temperatura próprias.
Logo após, outros fatos, e outros e mais outros,
catorze, no total,
de película de nylon
e borracha sintética.
Envolvendo o conjunto, do tronco até aos pés,
na cabeça e nos braços,
confusíssima trama de canais
para circulação dos fluidos necessários,
da água e do oxigénio.
A cobrir tudo, enfim, como um balão ao vento,
um envólucro soprado de tela de alumínio.
Capacete de rosca, de especial fibra de vidro,
auscultadores e microfones,
e, nas mãos penduradas, tentáculos programados,
luvas com luz nos dedos.
Numa cama de rede, pendurada
da parede do módulo,
na majestade augusta do silêncio,
dormia o Homem Novo a caminho da Lua.
Cá de longe, na Terra, num burburinho ansioso,
bocas de espanto e olhos de humidade,
todos se interpelavam e falavam,
do Homem Novo,
do Homem Novo,
do Homem Novo.
Sobre a Lua, Armstrong pôs finalmente os pés.
Caminhava hesitante e cauteloso,
pé aqui,
pé ali,
as pernas afastadas,
os braços insuflados como balões pneumáticos,
o tronco debruçado sobre o solo.
Lá vai ele.
Lá vai o Homem Novo
medindo e calculando cada passo,
puxando pelo corpo como bloco emperrado.
Mais um passo.
Mais outro.
Num sobre-humano esforço
levanta a mão sapuda e qualquer coisa nela.
Com redobrado alento avança mais um passo,
e a Humanidade inteira,
com o coração pequeno e ressequido,
viu, com os olhos que a terra há-de comer,
o Homem Novo espetar, no chão poeirento da Lua, a bandeira da sua Pátria,
exactamente como faria o Homem Velho.
(António Gedeão, in 'Novos Poemas Póstumos')
terça-feira, 20 de janeiro de 2015
Portugal à vol d'oiseau.
A princesa Rattazzi (1813-1883), como era designada, foi publicista, romancista, poetisa, autora também de textos dramáticos e tradutora, mas não entrou certamente para a galeria dos autores literários de grande médio ou pequeno relevo. Todavia, em 1879, este livro desencadeou uma verdadeira tempestade em Portugal, na qual intervieram nomes como Camilo Castelo Branco, Antero de Quental e Ramalho Ortigão. Pelos excertos que se seguem, será fácil ajuizar-se da razão desta polémica:
"A mais activa occupação da realeza em Portugal é a instituição dos títulos"; "Exceptuando a Belgica, Portugal tem sobre todos os paízes catholicos a primazia do carrilhão"; "O portuguez é hispanophogo, e se de tempos a tempos não trinca, sob a fórma de costelleta, o hespanhol que lhe cahe nas unhas, é simplesmente por timidez, e não porque lhe escasseie o appetite"; "Os usos e costumes theatraes em Portugal estão ainda em estado primitivo"; "As casas em Lisboa, como em todo o resto de Portugal, são habitadas, principalmente, de verão por um enxame de baratas. Disseram-me que todos acabavam por habituar-se."
"A mais activa occupação da realeza em Portugal é a instituição dos títulos"; "Exceptuando a Belgica, Portugal tem sobre todos os paízes catholicos a primazia do carrilhão"; "O portuguez é hispanophogo, e se de tempos a tempos não trinca, sob a fórma de costelleta, o hespanhol que lhe cahe nas unhas, é simplesmente por timidez, e não porque lhe escasseie o appetite"; "Os usos e costumes theatraes em Portugal estão ainda em estado primitivo"; "As casas em Lisboa, como em todo o resto de Portugal, são habitadas, principalmente, de verão por um enxame de baratas. Disseram-me que todos acabavam por habituar-se."
segunda-feira, 19 de janeiro de 2015
Vitória de Pirro
Considerado um dos maiores generais da Grécia antiga, Pirro, rei do Épiro, invadiu a Península Itálica em 280 a.C. disposto a travar a expansão dos romanos. O seu exército de 25 mil homens e muito bem armado, dotado de 3 mil cavaleiros e 20 elefantes, alcançou inicialmente alguns triunfos. Mas, ao contrário do adversário, não tinha apoio da população local – e foi definhando ao longo dos combates. Em 279 a.C., Pirro venceu os romanos em Ásculo, mas perdeu 3,5 mil homens. Quando seus oficiais foram cumprimentá-lo pelo triunfo, respondeu com amargura: “Mais uma vitória destas e estou arruinado”.
A expressão “vitória de Pirro”, é uma metáfora para descrever uma vitória, que de tão sacrificada, de tão desgastada, de tão violentamente conquistada, praticamente não valeu a pena alcançar. Embora não haja uma definição de dicionário para a expressão, na verdade, "vitória de Pirro" tem sido mais usada no sentido de "vitória inútil" e não tanto como "vitória difícil".
Somos Todos Iguais
A artista italiana Cristina Guggeri decidiu usar os seus talentos em Photoshop para retratar conhecidos líderes mundiais num mesmo espaço. Na obra denominada 'Somos Todos Iguais', diversas personalidades aparecem sentadas na sanita. Na ideia de Guggeri, todos somos diferentes e ao mesmo tempo iguais quando nos encontramos no mesmo espaço.
domingo, 18 de janeiro de 2015
Teste de Língua Portuguesa
Qual das seguintes frases está correcta, isto é, sem erros gramaticais?
[A] O ciclista afirmou que a vitória foi difícil.
[B] O ciclista afirmou de que a vitória foi difícil.
Responda à pergunta, utilizando a caixa de comentários. Temos um livro para oferecer ao primeiro leitor que der a resposta certa.
Quem foi o primeiro "Doutor da Mula Ruça"?
Os dicionários esclarecem que a expressão “doutor da mula ruça” usada em registo familiar e em tom depreciativo, se aplica a «indivíduos que possuem um título ou um diploma, mas que não têm os conhecimentos de que se dizem detentores». Por extensão, a expressão “doutor da mula ruça” aplica-se vulgarmente ao chamado charlatão, aquele que tenta enganar os outros, fazendo-se passar por algo que afinal não é, neste caso, fingindo ser muito erudito. No entanto, a história que se conta sobre o primeiro doutor da mula ruça aponta para um significado da expressão um pouco diferente, quase oposto, que é o do homem que exerce a prática e tem os conhecimentos mas que não tem o diploma que o habilitaria oficialmente para isso.
Então quem foi este doutor da mula ruça? De acordo com vários autores, houve um homem no século XVI em Évora, de nome António Lopes, que era conhecido como o “físico da mula ruça”, e exercia medicina sem possuir o grau de doutor. Acontece que este senhor tinha estudado em Alcalá de Henares, em Espanha, perto de Madrid. Mas uns dizem que por falta de dinheiro não pôde pagar o diploma, e portanto acabou por exercer sem ele; outros contam que obteve o grau de bacharel, mas havia certas reservas em relação à sua prática, porque não era doutor pela Universidade de Lisboa. Seja como for, o que acontece é que ele terá pedido ao rei D. João III, uma espécie de “equivalência”, como agora se diria (de bacharel, o grau que teria adquirido em Espanha, para doutor) ou, se quisermos, uma “creditação de competências”, como agora também se faz, ao abrigo do Processo de Bolonha, se considerarmos que ele não chegou a obter o diploma em Espanha, ainda que tivesse frequentado a Universidade. O que parece certo é que o Rei, a pedido deste António Lopes, solicitou ao físico-mor do reino, Diogo Lopes, que o examinasse para se avaliar a sua competência para exercer medicina. O resultado da avaliação foi positivo e há um registo no Livro de Chancelaria de D. João III que declara precisamente isso: «que António Lopes, físico da mula ruça, morador em esta cidade me disse por sua petição que ele estudou nove ou dez anos no estudo de Alcalá» (carta régia de 23 de Maio de 1534).
Portanto, fica a ideia de que este homem exerceu a profissão antes de obter oficialmente o grau academico, que solicitou esse grau por carta régia e não pela via normal, que seria um diploma da universidade, e que era conhecido como o “doutor da mula ruça”, talvez por se deslocar habitualmente numa mula de cor parda ou acinzentada. Não temos a certeza. Mas pelos vistos a sua actividade era contestada pelo facto de ele a exercer sem a mesma legitimidade que os outro físicos, o que o levou a sentir a necessidade de requerer o reconhecimento da sua competência. Algo que parece hoje novidade, mas que afinal não é...
sábado, 17 de janeiro de 2015
'Aquilo era mesmo verdade ou fui eu que sonhei?'
LISBOA
No bairro de Alfama os carros eléctricos amarelos chiavam
nas subidas.
Ali havia duas prisões. Uma era para ladrões
que acenavam através das grades.
Gritavam, queriam ser fotografados.
“Mas aqui”, disse o guarda-freio com um risinho de
hesitação:
“aqui estão os políticos.” Olhei para a fachada, a fachada, a fachada,
e no último andar, a uma janela, vi um homem
com um binóculo a olhar para o mar.
Roupa que fora lavada secava pendurada ao sol. As pedras dos muros estavam quentes.
As moscas liam cartas microscópicas.
Seis anos mais tarde, perguntei a uma senhora de Lisboa:
“Aquilo era mesmo verdade ou fui eu que sonhei?”
Os Classificados do Diário de Coimbra de ontem...
MESTRE CRUZ - Separações e Amarrações de Amor: Casais, Amantes, Divorciados, etc. Trabalhos de Bruxaria Negra para todo o tipo de problemas. Consultas pessoalmente ou consultas grátis pelo tlm. 911 *** 917 - www.mestrec***.pt
SE VIVE NA SOLIDÃO, é senhor e procura alguém p/ viver ao seu lado... Eu sou senhora divorciada, séria e educada c/ carta de condução. Resposta carta ao jornal 9460.
ORAÇÃO DOS ANJOS. Acenda num lugar mais alto que a sua cabeça, três velas brancas num prato com açúcar, aos Anjos Gabriel, Miguel e Rafael. Faça três pedidos: dois difíceis, um impossível. Publique no 3º dia e verifique o que acontece ao 4º dia.
MORENA MEIGUINHA. e ao mesmo tempo pantera selvagem, nova no ramo cibernético. Venha-me conhecer. Telem: 918 *** 731
[Este último anúncio saiu inserido na secção de Relax, por certo um lamentável lapso do tipógrafo, vá lá saber-se porquê. Como se vê, a imaginação das comerciais das novas tecnologias não para de nos surpreender... É certo que a procura dos serviços desta especialidade está em alta, mas a concorrência é feroz, principalmente de brasileiras e ucranianas, ao que dizem...]
[Este último anúncio saiu inserido na secção de Relax, por certo um lamentável lapso do tipógrafo, vá lá saber-se porquê. Como se vê, a imaginação das comerciais das novas tecnologias não para de nos surpreender... É certo que a procura dos serviços desta especialidade está em alta, mas a concorrência é feroz, principalmente de brasileiras e ucranianas, ao que dizem...]
sexta-feira, 16 de janeiro de 2015
Je suis Ahmed Merabet
Nos arredores de Paris, o cemitério muçulmano de Bobigny recebeu uma cerimónia modesta, mas emotiva. Ahmed Merabet, o polícia muçulmano de 40 anos que foi morto à queima-roupa por Said Kouachi, na sequência do ataque terrorista ao semanário Charlie Hebdo, foi homenageado por centenas de pessoas que gritavam “Allahu Akbar” – ironicamente, o mesmo grito lançado pelos irmãos kouachi enquanto matavam o agente.
Sugestão de Leitura
"Descia Mercator umas pequenas escadas quando deparou com o filósofo, pobremente vestido, sentado no chão, contra a parede, a comer lentilhas. Arrogante, mais do que era seu costume, cheio de vaidade pela riqueza que ostentava, e pelo estômago farto, disse, para Diógenes: - Se tivesses aprendido a bajular o rei, não precisavas de comer lentilhas. E riu-se depois, troçando da pobreza evidenciada por Diógenes. O filósofo, no entanto, olhou-o ainda com maior arrogância e altivez. Já tivera à sua frente Alexandre, o Grande, quem era este, agora? Um simples homem rico? Diógenes respondeu. À letra: - E tu - disse o filósofo - se tivesses aprendido a comer lentilhas, não precisavas de bajular o rei."
quinta-feira, 15 de janeiro de 2015
Somos Todos Iguais
A artista italiana Cristina Guggeri decidiu usar os seus talentos em Photoshop para retratar conhecidos líderes mundiais num mesmo espaço. Na obra denominada 'Somos Todos Iguais', diversas personalidades aparecem sentadas na sanita. Na ideia de Guggeri, todos somos diferentes e ao mesmo tempo iguais quando nos encontramos no mesmo espaço.
A Assembleia da República vai decidir hoje
Petição «Restituição da Nacionalidade Portuguesa aos Judeus Sefarditas Portugueses»
Para: Assembleia da República
Os judeus sefarditas foram expulsos de Portugal ou forçados ao exílio a partir das perseguições de finais do século XV, continuando a considerar-se e a referir-se a si mesmos como “judeus portugueses” ou “judeus da Nação portuguesa”.
Os judeus sefarditas foram expulsos de Portugal ou forçados ao exílio a partir das perseguições de finais do século XV, continuando a considerar-se e a referir-se a si mesmos como “judeus portugueses” ou “judeus da Nação portuguesa”.
Presentemente, constituem um grupo pequeno, tendo alguns membros cidadania israelita, sendo que a maioria vive no Brasil na maior parte do tempo e correspondendo quase todos a indivíduos com educação de nível superior, em geral profissionais liberais e que, na maioria, falam mais do que o português.
Há muitos judeus sefarditas que aspiram a recuperar a nacionalidade portuguesa, de que se encontram privados mercê da expulsão e/ou exílio forçado dos seus antepassados.
A Espanha – que fez expulsões similares às ocorridas em Portugal – já adoptou legislação, desde 1982, que permite a naturalização dos judeus sefarditas de origem espanhola ao fim de dois anos de residência em Espanha, à semelhança da norma aplicável a um conjunto limitidado de origens específicas. E, em 2008, adoptou a possibilidade por “carta de natureza” e atribuiu a nacionalidade espanhola, independentemente de residência, a judeus sefarditas, mercê unicamente de um conjunto de indicadores objectivos (apelidos, idioma familiar) e competente certificação pelo rabino da comunidade.
Os judeus sefarditas interessados em recuperar a nacionalidade portuguesa sublinham que outros países, como a Grécia, já adoptaram legislação de reaquisição de nacionalidade por judeus expulsos e seus descendentes e que a própria Alemanha o fez, face à tragédia mais recente.
Portugal é dos poucos países, senão o único, que não dispõe de normas para reaquisição de nacionalidade pelos descendentes de judeus expulsos.
Assim sendo, nós, cidadãos portugueses, através dos signatários desta petição, vimos solicitar perante os Poderes constituídos da República Portuguesa , a restituição da nacionalidade portuguesa aos judeus sefarditas portugueses.
Os signatários
quarta-feira, 14 de janeiro de 2015
Uma imagem vale por mil palavras
O facto ficou, mais uma vez, demonstrado na “manifestação” dos políticos, contra o terrorismo islamista, em Paris, ontem, dia 11 de Janeiro. A foto da “manifestação”, divulgada, repetida e matraqueada pelos media de todo o mundo “mostra” chefes de Estado e de governo a encabeçar uma enorme “manif” anunciada como a maior de sempre em Paris.
O problema da coisa surgiu quando o ‘Le Monde’ decidiu dar um ar de graça jornalística e mostrar (sem aspas) o que se passou: os senhores da política tinham formado um ajuntamento, numa rua fechada e estavam bem longe da enorme manifestação popular de repúdio pelo terrorismo islamista! O divórcio entre eleitores e políticos teve aqui a sua sessão solene de fotografias. E ficou bem registado!
terça-feira, 13 de janeiro de 2015
Je suis Lassana Bathily!
Lassana Bathily, de 24 anos, natural do Mali, trabalha
no supermercado judeu invadido, sexta-feira, por um radical islamita e é um
herói para todo o mundo.
Quando Amedy Coulibaly, fortemente armado, entrou na loja, cerca de 15 clientes fugiram para a cave. Ficariam encurralados, à mercê do terrorista, se não fosse a intervenção de Lassana, um jovem muçulmano a trabalhar numa loja de judeus. "Quando eles correram para baixo, abri a porta do frigorífico", contou Lassana, em declarações ao canal de televisão BFMTV. Depois, desligou o congelador e apagou a luz. Pediu calma aos clientes, fechou a porta e subiu para o rés-do-chão, onde estava o sequestrador com outros reféns. Negro e muçulmano, entre judeus brancos, não parece ter sido uma ameaça ou um alvo para Amedy Coulibaly e escapou ileso ao sequestro e à posterior invasão da polícia, que liquidou o sequestrador e resgatou os reféns.
Lassana Bathily é o símbolo da tolerância entre povos e religiões que emerge dos dias de terror vividos em Paris, esta semana. C'est pourquoi je suis Lassana Bathily.
Quando Amedy Coulibaly, fortemente armado, entrou na loja, cerca de 15 clientes fugiram para a cave. Ficariam encurralados, à mercê do terrorista, se não fosse a intervenção de Lassana, um jovem muçulmano a trabalhar numa loja de judeus. "Quando eles correram para baixo, abri a porta do frigorífico", contou Lassana, em declarações ao canal de televisão BFMTV. Depois, desligou o congelador e apagou a luz. Pediu calma aos clientes, fechou a porta e subiu para o rés-do-chão, onde estava o sequestrador com outros reféns. Negro e muçulmano, entre judeus brancos, não parece ter sido uma ameaça ou um alvo para Amedy Coulibaly e escapou ileso ao sequestro e à posterior invasão da polícia, que liquidou o sequestrador e resgatou os reféns.
Lassana Bathily é o símbolo da tolerância entre povos e religiões que emerge dos dias de terror vividos em Paris, esta semana. C'est pourquoi je suis Lassana Bathily.
segunda-feira, 12 de janeiro de 2015
Teste de Língua Portuguesa
Ora aqui está uma boa pergunta: o dedo em que se costuma usar um anel é o dedo anelar ou o dedo anular? «É óbvio! Se vem de anel + -ar, claro que é o dedo anelar» - dirá o leitor. Será mesmo assim? Dê-nos a sua opinião:
[1] A palavra correcta é anelar
[2] A palavra correcta é anular
[3] Ambas as palavras estão correctas
[4] Nenhuma das palavras está correcta
[4] Nenhuma das palavras está correcta
Seleccione a afirmação verdadeira, utilizando a caixa de comentários. Temos um livro para oferecer ao primeiro leitor que der a resposta certa.
Cante alentejano
O Cante Alentejano é um género musical tradicional do Alentejo, sul de Portugal. É um canto coral, em que alternam um ponto a sós e um coro, havendo um alto preenchendo as pausas e rematando as estrofes. O canto começa invariavelmente com um ponto dando a deixa, cedendo o lugar ao alto e logo intervindo o coro em que participam também o ponto e o alto. Terminadas as estrofes, pode o ponto recomeçar com um nova deixa, seguindo-se o mesmo conjunto de estrofes. Este ciclo repete-se o número de vezes que os participantes desejarem. Esta característica repetitiva, assim como o andamento lento e a abundância de pausas contribuem para a natureza monótona do cante.
A 27 de Novembro de 2014, durante a reunião do Comité em Paris, a UNESCO considerou o Cante Alentejano como Património Cultural Imaterial da Humanidade.
domingo, 11 de janeiro de 2015
Salazar, Tachos e Migalhas...
Não é um exclusivo português este utensílio de cozinha, próprio para rapar tigelas e tachos, evitando o desperdício. Mas em Portugal ganhou estatuto simbólico, baptizado popularmente como “Salazar”. De facto, António de Oliveira Salazar, o ditador que governou o país durante 40 anos, era um homem que apregoava a sua pobreza, chegando a afirmar que “um povo que tenha a coragem de ser pobre é um povo invencível”, fazendo crescer o anedotário popular inspirado pela sua lendária avareza. Recorda-se, a propósito, uma anedota que se contava no antigo regime. Depois de um almoço para o qual Salazar convidou os ministros, estes comentavam no fim a escassez da refeição. Eis senão quando Salazar chama a governanta e lhe ordena: «Maria, traz o perú!». Os convidados respiraram de alívio. Mas quando a governanta apareceu, trazia um perú vivo que pôs em cima da mesa, dizendo: «Vá lá, come as migalhas que estes senhores deixaram!»
Restauração da Monarquia
Durante a madrugada de 10 de Agosto de 2009, e apesar da forte vigilância policial, elementos do '31 da Armada' (Darth Vaders) subiram até à varanda do Paço do Concelho e hastearam a bandeira azul e branca. 99 anos depois da proclamação da república, naquele mesmo local, foi restaurada a legitimidade Monárquica. É o contributo do 31 para as comemorações do centenário da república.
sábado, 10 de janeiro de 2015
Eis Alcacer-Kibir! estás vingada.
ALCÁCER KIBIR
Verdugo, que esmagaste a India aos pés
Eis aqui, Portugal, o que tu fôste!
Repulsivo morphetico d'Aoste...
Eis aqui, Portugal, o que tu és!
Os Gamas, Albuquerques e Sodrés,
Alçando a cruz em sanguinoso poste,
Bradam ser Christo o general da hoste,
Se os povos sangra o ferro portuguez.
Terrivel vae mostrar-se a Providencia,
Arrancando das mãos da prepotencia
A levantina raça acorrentada.
India, escrava gentil, espera um pouco...
Lá vem sobre Marrocos um rei louco...
Eis Alcacer-Kibir! estás vingada.
Camilo Castelo Branco
Camilo Castelo Branco, já manifestamente anticolonialista no séc. XIX, é para aqui trazido como bofetada sem mão na cambada escriba deste nosso tempo vil - o duma manhosa servidão agora voluntária.
Receitas de Amor para Mulheres Tristes
Uma série de "receitas" em belíssimos textos para ajudar à cura dos "males de que padecem as mulheres, ou a identidade feminina", que vão da infelicidade à traição, à frigidez, ao receio de ficar velha, ao nervosismo, ao medo das sogras, ao mau hálito, etc., através duma sabedoria que vem de trás e que conhece o "feminino" em profundidade. Isto apesar de o autor ser um homem. Mas que teve cinco irmãs, ou seis mães, como ele diz, e a quem dedica esta obra. Ele, Hector Abad Faciolince, apenas "gostava de ser um bom boticário, um farmacêutico, o senhor das receitas que te perfumem (mulher triste) a fantasia." Aqui fica uma das muitas receitas para combater a tristeza. Experimente, para ver se resulta::
«Saudável costume é obrar diariamente e à mesma hora. Estejas onde estiveres, ao menos durante seis minutos (e não mais de quarenta, que o excesso provoca hemorróidas), sentada ou agachada, mas em paz. Com um bom livro ou um bom pensamento. Não existe fórmula mais sábia para que sejas visitada pelo bom humor que os os antigos situavam, com razão, entre o estômago e os intestinos. Se alguma coisa correr mal, considera aquilo que comeste dezasseis horas antes, e suprime-o. Se, em contrapartida, de nada sofreres, considera o mesmo e toma alimento de costume.»
sexta-feira, 9 de janeiro de 2015
Xarope para a Tosse
Ingredientes: cebolas, duas, grandes, cortadas em cruz; casca de amêndoa ou amêndoa em grão, uma meia dúzia; casca de cebolas, dois bons punhados; passas de figo brancas, meia dúzia; açúcar, meio quilo. Ferver num litro de água durante cerca de vinte minutos, coar e servir. Remédio caseiro, fácil de preparar e muito eficaz. Mas uma cura rápida nunca está garantida. Se os sintomas se mantiverem por mais que três dias é aconselhável uma ida às urgências e, nos casos mais graves, o internamento em estabelecimento adequado ao diagnóstico de cada um. Um antigo primeiro-ministro português foi internado de urgência há mais de um mês no EPE e ninguém sabe quando vai ter alta...
quinta-feira, 8 de janeiro de 2015
Portugal rural da década de 1950
Este vídeo foi filmado em 1955 numa localidade do concelho de Oliveira do Hospital chamada Seixo da Beira. Ele retrata a vida rural na época. A construção de uma nova casa era trabalhosa. A pedra era cortada à mão. Os campos eram regados a partir de poços. O pastoreio de ovelhas era abundante e o queijo uma delícia. Nota final: a casa em construção é a dos meus sogros...
Memórias Paroquiais (1758)
A publicação sistemática e integral de todos os [42] volumes manuscritos das Memórias Paroquiais redigidas pelos responsáveis das diversas freguesias do País, após o terramoto de 1755, por ordem do Marquês de Pombal, é um projecto da linha de investigação «Memória e Historiografia» do Centro de História da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. A edição do volume III é mais um degrau na consecução deste projecto.
quarta-feira, 7 de janeiro de 2015
Jardim Botânico da Universidade de Coimbra
Houve uma primeira tentativa em 1731 de estabelecer um jardim botânico em Coimbra, com um projecto elaborado por Jacob de Castro Sarmento, tendo como referência o Chelsea Physic Garden, de Londres. No entanto, apenas em 1772, fundado como parte integrante do "Museu de História Natural" instituído pelo Marquês de Pombal, surge o "Jardim Botânico da Universidade de Coimbra", como consequência da reforma pombalina dos estudos universitários. O projecto de Castro Sarmento foi considerado pelos professores muito modesto pelo que decidiram ampliá-lo para cumprir os requisitos do Marquês de Pombal. Os trabalhos iniciaram-se em 1774. Ao princípio, as responsabilidades recaíram sobre Domingos Vandelli, e a partir de 1791, a Avelar Brotero, professor de Botânica e Agricultura. Este ilustre botânico ampliou o jardim, com a aquisição de um terreno da quinta dos Padres Marianos (1809).
O Projecto, a Obra e o Orçamento...
Os
italianos eram célebres na Europa do século XVIII, não só pela competência no ensino, como por terem
a experiência da criação de jardins
botânicos desde o séc. XV. Daí que Pombal tivesse chamado mestres italianos para leccionarem na
Universidade de Coimbra. Três desses
mestres, Domingos Vandelli,
Franzini e Dolabella, foram além disso incumbidos
de colaborar no traçado do jardim botânico de Coimbra, projectos que não viriam a ser executados na íntegra, por
excessivamente dispendiosos,
como se lê nesta carta de Pombal, dirigida ao bispo reitor da Universidade de Coimbra:
Ex.m°
e rev.mº sr.
Reservei
até agora a resposta sobre a planta que esses professores delinearam para o
Jardim Botânico, porque julguei preciso precaver a v. ex.ª mais particularmente
sobre esta matéria.
Os
ditos professores são italianos, e a gente desta Nação, acostumada a ver deitar
para o ar centenas de mil cruzados de Portugal em Roma, e cheia deste entusiasmo,
julga que tudo o que não é excessivamente custoso, não é digno do nome
português ou do seu nome deles.
Daqui
veio que, ideando eles nesta corte, junto ao Palácio Real de Nossa Senhora da
Ajuda, em pequeno espaço de terra, um jardim de plantas para a curiosidade,
quando eu menos o esperava achei mais de 100:000 cruzados de despesa, tão
exorbitante como inútil.
Com
esta mesma ideia talharam pelas medidas da sua vasta fantasia o dilatado espaço
que se acha descrito na referida planta; o qual vi que, sendo edificado à
imitação do pequeno recinto do outro Jardim Botânico, de que acima falo,
absorveria os meios pecuniários da Universidade antes de concluir-se. Eu porém
entendi agora, e entenderei sempre, que as cousas não são boas por serem muito
custosas e magníficas, mas sim e tão somente porque são próprias e adequadas
para o uso que delas se deve fazer.
Isto, que a razão me ditou, sempre vi praticado, especialmente nos Jardins Botânicos das Universidades de Inglaterra, de Holanda e de Alemanha, e me consta que o mesmo sucede no de Pádua; porque nenhum deles foi feito com dinheiro português. Todos estes Jardins são reduzidos a um pequeno recinto, cercado de muro, com as comodidades indispensáveis para um certo número de ervas medicinais e próprias para o uso da faculdade de Medicina, sem que se excedesse delas a compreender as outras ervas, arbustos, e ainda árvores das diversas partes do mundo, em que se tem derramado a curiosidade, já viciosa e transcendente, dos sequazes de Lineu, que hoje têm arruinado as suas casas para mostrarem o malmequer da Pérsia, uma açucena da Turquia, e uma geração e propagação de aloés com diferentes apelidos que os fazem pomposos.
Debaixo
destas regulares medidas deve pois v.ex.ª fazer delinear outro plano, reduzido somente
ao número de ervas medicinais que são indispensáveis para os exercícios
botânicos e necessárias para se darem aos estudantes as noções precisas para
que nao ignorem esta parte da medicina, como se está praticando nas outras
Universidades acima referidas, com bem pouca despesa; deixando-se para outro
tempo o que pertence ao luxo botânico, que actualmente grassa em toda a Europa.
E para tirar toda a dúvida, pode v. ex.ª determinar logo, por uma parte, que
Sua Majestade não quer Jardim maior, nem mais sumptuoso que o de Chelsea, na
cidade de Londres, que é a mais opulenta cidade da Europa; pela outra parte,
que debaixo desta ideia se demarque o lugar, se faça a planta dele com toda a
especificação das suas partes, e se calcule por um justo orçamento o que há-de
custar o tal Jardim de estudo de rapazes, e não de ostentação de Príncipes, ou
de particulares, daqueles extravagantes e opulentos, que estão arruinando
grandes casas na cultura de Bredos, Beldroegas e Poejos da índia, da China e da
Arábia.
Deus
guarde a v. ex.ª etc.
Oeiras,
em 5 de Outubro de 1773.
Marquês de Pombal.
Il.mº
e ex.mº sr. bispo eleito de Coimbra
Subscrever:
Mensagens (Atom)