quinta-feira, 25 de dezembro de 2014

Quem criou o Pai Natal?


Se acredita no Pai Natal, não leia este texto. Por outro lado, se está entre os que acham que o velhote bonacheirão de fato encarnado e barbas brancas é uma invenção da marca que produz aquele refrigerante escuro e gasoso, continue a ler, pode ser que se surpreenda. 

Para simplificar, pode afirmar-se que o personagem tem duas origens principais. A primeira está ligada a São Nicolau, bispo de Mira (na Anatólia, actual Turquia) que viveu no século IV e se tornou lendário porque, para além de um vasto rol de outros milagres, oferecia anonimamente presentes aos mais necessitados. Este santo é representado como um homem sério de longas barbas brancas, com a capa e mitra vermelhas correspondentes ao seu cargo eclesiástico. A segunda tradição é de origem anglo-saxónica, centrada na figura do Father Christmas, que já surge em cânticos do século XV e ganha proeminência no contexto da oposição ao puritanismo que dominou a Inglaterra no século XVII. Os puritanos consideravam esta tradição demasiado pagã e combateram-na, sendo posteriormente satirizados em textos como ‘O Julgamento do Pai Natal’ de Josiah King. 

Nos Estados Unidos, estas duas tradições viriam a juntar-se dando origem ao actual Santa Claus, popularizado no século XIX, no poema de Clement Clarke Moore ‘Uma visita da São Nicolau’ e ilustrado pelo caricaturista Thomas Nast, autores que criaram as bases para a iconografia actual da simpática figura. O primeiro anúncio da Coca-cola com o Pai Natal é de 1930 e a celebridade da marca ajudou a criar o mito urbano de que teria sido a inventora da figura.

1 comentário:

  1. Anónimo25/12/14

    É este o poema citado no post:

    UMA VISITA DE SÃO NICOLAU

    Era véspera de Natal e nada na casa se movia,
    Nenhuma criatura, nem mesmo um camundongo;
    As meias com cuidado foram penduradas na lareira,
    Na esperança de que São Nicolau logo chegasse;
    As crianças aconchegadas, quentinhas em suas fronhas,
    Enquanto rosquinhas de natal dançavam em seus sonhos;
    Mamãe com seu lenço e eu com meu gorro,
    Há pouco acomodados para uma longa soneca de inverno;
    Quando no jardim começou uma barulhada,
    Eu pulei da cama para ver o que estava acontecendo.
    Para fora da janela como um raio eu voei,
    Abri as persianas e subi pela cortina.
    A lua no colo da recém-caída neve,
    Dava um lustro de meio-dia em tudo em que tocava,
    Quando, para meus olhos curiosos, o que apareceu:
    Um trenó miniatura, e oitos renas pequenininhas,
    Com um motorista velhinho, tão alerta e muito ágil,
    E eu soube, na mesma hora, que era São Nicolau.
    Mais rápido que uma águia vinha pelo caminho,
    E assobiava e gritava e as chamava pelo nome;
    “Agora, Corredora! Agora, Dançarina! Agora, Empinadora e Raposa!
    Venha, Cometa! Venha, Cupido! Venham, Trovão e Relâmpago!
    Por cima da sacada! Para o topo do telhado!
    Agora fora, depressa!
    Fora todos, bem depressa!”
    Como folhas revoltas antes do furacão,
    Sem encontrar obstáculos, voaram para o céu,
    Tão alto, acima do telhado voaram,
    O trenó cheio de brinquedos e São Nicolau nele também.
    E então num piscar de olhos, ouvi no telhado
    O toque-toque e o arrastar dos casquinhos.
    Como um desenho em minha cabeça, assim que virei
    Descendo a chaminé São Nicolau vinha resoluto
    Todo vestido de peles, da cabeça até os pés,
    E com a roupa toda manchada de cinzas e carvão;
    Um saco de brinquedos em suas costas,
    Parecia um mascate ao abrir o saco.
    Seus olhos – como brilhavam!
    Suas alegres covinhas!
    Suas bochechas rosas, seu nariz como uma cereja!
    Sua boquinha sapeca curvada para cima como num arco,
    A barba em seu queixo tão branca como a neve;
    O cabo do cachimbo bem preso em seus dentes,
    A fumaça envolvendo sua cabeça como uma guirlanda;
    Tinha um rosto redondo e uma barriga grande,
    Que sacudia, quando ele sorria, como uma tigela de geleia.
    Era gordinho e fofo, um perfeito elfo velhinho e alegre,
    E eu ri quando o vi, sem poder evitar;
    Uma piscada de olhos e um aceno de cabeça,
    Na hora me fizeram entender que eu nada tinha a temer;
    Não disse uma só palavra, mas voltou direto ao seu trabalho,
    E recheou todas as meias; então virou no pé,
    E colocando o dedo ao lado do nariz,
    Acenando com a cabeça, a chaminé escalou;
    Pulou em seu trenó, ao seu time assobiou,
    E para longe voaram, como pétalas de dente-de-leão.
    Mas ainda o ouvi exclamar, enquanto ele desaparecia
    “Feliz Natal a todos e para todos uma Boa Noite!”

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