TEATRO GARRETT
No tempo do velho Garrett
Havia os vilões e os heróis
Valentes cenas de chapada,
Tremendos filmes de cobóis,
De piratas, de capa e espada.
E a malta lá no galinheiro,
Não ficava sentada a ver.
A malta tomava partido:
De pé, firme, de corpo inteiro
Como se fosse combater,
Fazer exercícios de tiro.
E agora que volto ao Garrett,
Para me sentar na plateia
Num silêncio bem comportado,
Que o passado não se repete,
O que arde, o que incendeia,
É levantar-me da cadeira
E passar para o outro lado,
Indo de novo para a rua
Cantar um sonho renovado,
Cantar que a luta continua
E contra os vilões arremete.
É cantar, a plenos pulmões,
Contra ventos e vendavais,
Cantar, gritar, pintar o sete:
Não será por quinze tostões,
Mas não morreu nem morre mais
O galinheiro do Garrett.
José Carlos Vasconcelos
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